segunda-feira, 25 de maio de 2015

As Cinquenta Sombras de Grey - E.L.James, opinião

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Título Original: Fifty Shades of Grey
Autora:
Editora: Lua de Papel
Número de páginas: 552


Sinopse: 
O início da trilogia de que todas as mulheres estão a falar... discretamente.

Anastasia Steele é uma estudante de literatura jovem e inexperiente. Christian Grey é o temido e carismático presidente de uma poderosa corporação internacional. O destino levará Anastasia a entrevistá-lo. No ambiente sofisticado e luxuoso de um arranha-céus, ela descobre-se estranhamente atraída por aquele homem enigmático, cuja beleza corta a respiração. Voltarão a encontrar-se dias mais tarde, por acaso ou talvez não. O implacável homem de negócios revela-se incapaz de resistir ao discreto charme da estudante. Ele quer desesperadamente possuí-la. Mas apenas se ela aceitar os bizarros termos que ele propõe... Anastasia hesita. Todo aquele poder a assusta - os aviões privados, os carros topo de gama, os guarda-costas... Mas teme ainda mais as peculiares inclinações de Grey, as suas exigências, a obsessão pelo controlo… E uma voracidade sexual que parece não conhecer quaisquer limites. Dividida entre os negros segredos que ele esconde e o seu próprio e irreprimível desejo, Anastasia vacila. Estará pronta para ceder? Para entrar finalmente no Quarto Vermelho da Dor? As Cinquenta Sombras de Grey é o primeiro volume da trilogia de E. L. James que é já o maior fenómeno literário do ano em todos os países onde foi publicado.

Opinião:

Quero começar por dizer que quebrei uma "pseudo-regra" sacrossanta, pois comecei por ver o filme, (há sensivelmente um mês, mês e meio) e a semana passada comecei a ler o livro. E por conseguinte, a leitura foi, invariavelmente, acompanhada por trechos do filme, o que "estragou", por sua vez, o factor surpresa implementado pelos mais variados autores.

Não estava de todo previsto embarcar nesta aventura, apesar da inicial curiosidade associada a todo o furor e alarido em volta do filme, muito antes de estrear nas salas de cinema português. Houve, de facto, muito sururu com a escrita de E.L.James, e eu mantive-me uma mera espectadora silenciosa, pois, por natureza, tendo a não criticar sem antes ter conhecimento de causa. E finda a leitura, posso finalmente pronunciar-me sobre um dos romances mais badalados da actualidade.

Ora então, como disse anteriormente, foi difícil dissociar a imagem com que fiquei do filme, do livro, pois, á medida que a leitura avançava, dava por mim ora a comparar ora a antecipar determinados momentos. O conceito da história passa muito por um romance cuja trama está bastante pautada com momentos altamente descritivos de BDSM e da própria relação que os protagonistas desenvolvem entre si. A autora consegue mesmo transmitir os sentimentos de luxúria e lascívia ao leitor, o que, neste livro compõe o quadro de entertenimento a par com o enredo pouco desenvolvido e algo repetitivo, na minha humilde opinião.

Centrando-me na história, Anastasia é uma jovem, como qualquer outra, que (agora vem aí o facto de exclusão) vê a sua vida mudar radicalmente, quando conhece o sensual e misterioso magnata Christian Grey. Por sorte ou azar do destino, a vida de ambos cruza-se irremediavelmente, levando a jovem Ana a conhecer-se e a ir além dos seus limites. A relação entre Ana e Christian, se é que se pode apelidar assim, é algo estranha, ou seja, Anastasia não consegue controlar os seus sentimentos por ele, acedendo a comportar-se de determinadas maneiras, com receio que Christian a rejeite, e por trás, existe um contrato (descrito detalhadamente) ao longo de várias páginas que lhe permite ter acesso a Christian, mas em simultâneo pode levá-la a perder tudo. Por isso, como em todo o livro, a questão de ganhar ou perder é algo relativa.

Ao longo da narrativa, houve momentos em que acabei por me identificar com a personagem de Anastasia. Além do seu gosto por livros, é uma jovem que vai conhecendo os seus limites e vai ganhando força com o desenrolar da sua relação com Christian. Contudo, também foram inúmeras as vezes em que revirei os olhos face a determinadas atitudes, e pensei: Mas quando é que isto acaba?

Em suma, o livro entertém, deu continuidade á leitura de romances eróticos que encetei no início do ano, mas peca por capítulos em que a descrição seria escusada, pois está em excesso, assim como os momentos repetidos que em nada acrescentam à história, apenas servem, na minha opinião, para cansar o leitor. No entanto, tenho alguma curiosidade com a restante saga, e quem sabe ainda não irei manifestar a minha opinião sobre as mesmas.

Classificação: 3,5/5

sexta-feira, 1 de maio de 2015

De Olhos Fechados - Eve Berlin, opinião

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Título Original: Pleasure's Edge
Autora: 
Editora: Quinta Essência
Número de páginas: 280

Sinopse:
 Se não for ao limite, como saberá até onde pode ir?

Alec Walker é um escritor de thrillers psicológicos sombrios - e um homem que vive para as suas emoções. Desde motos a skidiving, passando por nadar com tubarões, a sua busca incessante de prazer e excitação não tem fim. Essa busca estende-se também às suas relações pessoais, onde nenhuma regra limita os seus desejos. A única coisa que Alec teme é o amor - e permitir que outra pessoa o conheça realmente.

Enquanto faz investigação para um livro sobre extremos sexuais, Dylan entrevista Alec - e anseia por saborear a tentação que ele lhe oferece. No entanto, Alec é um dominador famoso e ela recusa entregar-lhe o controlo. Lenta e sedutoramente, Alec mostra-lhe que ao entregar-se-lhe de forma incondicional e submeter-se a todos os seus desejos, ela poderá experimentar o derradeiro prazer. Porém, para poder ficar com a mulher que pela primeira vez o faz ajoelhar, será Alec capaz de correr o maior de todos os riscos e entregar o seu coração?

Embalados por um misto de prazer e apreensão, o casal vê-se numa situação tentadora enquanto evita entregar-se ao sentimento que nasce entre eles.

Opinião:

Este foi um livro que me foi surpreendendo ao longo da narrativa. Integra-se no estilo de literatura erótica/romance sensual, em que a autora, ou quiçá por uma questão de tradução - fica sempre a dúvida -, descreve diversas cenas quentes, de sexo explícito, contudo dentro de uma linguagem cuidada.
A primeira coisa que me chamou à atenção foi a autora escolher duas personagens que não podiam ser mais diferentes uma da outra, apesar de partilharem a mesma profissão, embora dentro de géneros diferentes, Alec dentro do género de thriller e Dylan como escritora de romances eróticos.

Chocou-me um pouco a intensidade do impacto que apenas um único encontro teve em ambos, repercutindo-se em ondas de desejo insatisfeitas pela falta do contacto, o toque, que eram saciadas, porém, infrutiferamente. E á medida que ia lendo, eu própria ansiava pelo momento em que Dylan e Alec se iriam encontrar, pondo freio à fome que lentamente os consumia. Mas devo dizer que a partir desse momento, foi como se entrasse num comboio desgovernado.

Como a própria sinopse revela, Dylan deseja aprofundar os seus conhecimentos sobre BDSM (Bondage, Disciplina, Dominação, Submissão, Sadismo e Masoquismo), para dar corpo ao seu novo livro, porém, é necessário um toque de autenticidade o que a leva a experimentar o universo de Alec, arriscando-se a perder-se nele. A trama é assim pautada de muitos momentos em que o conteúdo abordado tem por detrás cenários muito bem elaborados e descritivos, capazes de cativar e captar a atenção dos leitores. Temos inicialmente o museu de Arte Oriental, cenário do primeiro encontro entre as personagens, onde já se podiam captar a tensão sexual que pulsava entre ambos, seguindo-se pelo clube de BDSM que Alec e o amigo Dante, igualmente dominador, frequentavam. De certo modo, talvez por ser um assunto que não versa propriamente nos meus interesses literários, fiquei fascinada com que o tema é tratado, desde as descrições do Pleasure Dome, à elegância dos diversos objectos utilizados, até ao pormenor em que a dor é transformada em prazer, levando a submissa ao subespaço.

Embora, De Olhos Fechados, se possa intitular como um romance sensual, não estava com a expectativa de ler propriamente um romance, pois, como pude comprovar, é uma narrativa enriquecida com cenas escaldantes e plenas de erotismo, porém, onde também se verifica um certo companheirismo, e até confiança entre as personagens, ingredientes que considero fundamentais em qualquer relação.

Quer Dylan quer Alec têm passados sobre os quais não desejam falar, e cujas cicatrizes os continuam a assombrar, contudo, com o desenrolar da história vão sendo desvendados. No entanto, fiquei com a sensação de que essa componente ficou mal aprofundada. Percebe-se a relação que existe com Dylan, e de que maneira é que influenciou a forma como tem vivido, e de facto o mesmo acontece em relação a Alec, só que de mais superficialmente.

A par com as personagens principais, são introduzidas duas outras, Misha e Dante, que, apesar do pouco enfoque, denota-se algum significado que têm para os protagonistas. E, segundo as minhas pesquisas, como este volume é apenas o primeiro da Trilogia Edge, é esperado que nos volumes seguintes, ambos tenham um outro enfoque.

De Olhos Fechados, proporciona uma leitura alucinante, plena de momentos excitantes e onde impera puramente a luxúria e o desejo, mas que peca pelo desenlace. Porque estava eu ainda envolta naquela adrenalina própria da relação entre dominador e submisso, que lentamente se vai esbatendo, pois o inevitável acaba por acontecer, como é próprio dos romances, e se calhar é de mim, que estou a ficar menos lamechas - a sério, não me interpretem mal, os apreciadores de romances decerto vão gostar, porque de facto é praticamente digno de um óscar, e eu própria, noutros tempos, teria aplaudido de pé, enquanto enxugava uma lágrima solitária no canto do olho, e abafava suspiros - mas nãao, acho que cortou o clima, e ficou lamechas. Pronto, já disse.

De qualquer das maneiras, é uma leitura irreverente e estimulante que recomendo.

Classificação: 3,5/5